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🤥 O Mito da Hiperpersonalização em Escala
Uma análise honesta sobre os elos, os desafios e o papel da inteligência artificial na personalização real
Nesta edição:
Destaque: Ninguém está realmente fazendo hiperpersonalização em escala — e há bons motivos para isso. Confira nossa análise sobre os gargalos da jornada e como novas abordagens poderão ajudar.
Últimas notícias: Figma entra com pedido de IPO; Gmail facilita o cancelamento de e-mails promocionais; Perplexity lança navegador com IA para desafiar o Google; e outras notícias fresquinhas!
Martech em Números: Com a chegada de novos browsers com IA poderemos estar vendo o início de uma nova guerra dos navegadores. Confira quais os browsers mais populares atualmente.
Boa leitura!
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DESTAQUE
O mito da hiperpersonalização em escala
Nos últimos anos, a hiperpersonalização se tornou o santo graal dos profissionais de marketing. Entregar campanhas personalizadas em tempo real, de acordo com o perfil e o contexto do cliente — também chamado de Next Best Action — virou o objetivo de toda empresa que busca melhorar o engajamento e aumentar suas conversões.
Um ótimo exemplo de personalização em escala é a Netflix. Estima-se que cerca de 80% de todos os conteúdos assistidos na plataforma sejam resultado do seu motor de recomendação personalizada, que gera mais de US$ 1 bilhão por ano em receita.
Mas a verdade é que (quase) ninguém faz hiperpersonalização em escala de verdade — e tá tudo bem.
Por quê? Porque a corrente só é tão forte quanto seu elo mais fraco. Ou seja, para entregar hiperpersonalização real, é preciso que uma série de atividades aconteça de forma coordenada e eficaz.

Os elos da corrente da hiperpersonalização
Os elos da corrente da hiperpersonalização
Vamos destrinchar cada um dos elos dessa corrente.
Como bem ilustrado neste artigo do MarTech Square, para gerenciar os dados de um cliente e transformá-los em uma experiência personalizada, são necessárias três camadas principais:
Dados: armazena as informações do cliente e outros dados relevantes para a personalização — como histórico de compras, dados de produtos, ofertas disponíveis, entre outros.
Decisão: define qual ação ou tratamento deve ser aplicado a cada cliente com base nos dados. Nessa etapa, também ocorre a orquestração entre diferentes canais e a análise das ações (analytics).
Canais: ativa as decisões nos canais mais apropriados e as entrega ao cliente final por meio dos pontos de contato, como e-mail, app, site, call center, entre outros.
Além dessas camadas, existem dois elos de conexão importantes:
Preparação de dados (data prep): envolve a modelagem e estruturação dos dados para que possam ser consumidos de forma eficaz pela camada de decisão.
Ativação: trata do disparo da mensagem personalizada no canal certo, além de garantir o retorno dos resultados — geralmente coletados em ferramentas de analytics.
E assim se forma nossa corrente, onde cada elo precisa ser tão forte quanto os demais para garantir uma experiência eficaz e fluida.
Novas abordagens
Com a nova onda da inteligência artificial, surgiram soluções que prometem revolucionar a forma como cada uma dessas camadas opera. Mas, como mostra a tabela abaixo, a realidade ainda está distante da expectativa da tão sonhada hiperpersonalização.
CAMADA | EXPECTATIVA | REALIDADE |
---|---|---|
Dados | Dados consolidados em um único ambiente (cada vez mais centralizados em data warehouses na nuvem). | Dados fragmentados e espalhados por diferentes sistemas. |
Decisão | Tecnologia (ou agente) que processa os dados do cliente e da empresa em tempo real, entende o contexto e ativa a next best action no canal ideal. | Sistemas baseados em regras fixas (como testes A/B, criadores de jornadas e fluxos de conversa), isolados por canal (site, app, e-mail etc.). |
Canais | O cliente recebe comunicações personalizadas, relevantes ao seu interesse e contexto, no canal mais apropriado. | Métricas de engajamento desconectadas ou concentradas em sistemas de BI que não retroalimentam o motor de personalização. |
Por outro lado, algumas dessas tecnologias estão nos aproximando rapidamente do objetivo:
Camada de dados: consolidação do data warehouse e da nuvem como centro da arquitetura, reforçando o conceito de Gravidade de Dados.
Camada analítica/de decisão: uso de inteligência artificial para personalização e tomada de decisões — movimento cada vez mais chamado de AI Decisioning, que complementa testes A/B e fluxos de jornada tradicionais.
Camada de ativação: crescimento de soluções como Composable CDPs e Reverse ETL, que permitem ativar campanhas diretamente a partir do data warehouse e retornar os dados para retroalimentar a camada de decisão.
Agentes de IA: abordagem emergente e mais descentralizada, em que cada ponto de contato (canal, interface) pode tomar decisões com base no contexto local, ainda que limitado.
Múltiplos agentes de IA: por fim, ganha importância a ideia de um orquestrador de agentes — via padrões como o MCP — que permitam a comunicação entre agentes de IA para coordenar decisões e otimizar continuamente a experiência do cliente.
Fim de papo: A promessa da hiperpersonalização em escala ainda está distante da realidade da maioria das empresas — e tudo bem. O importante é reconhecer os elos que compõem essa corrente e fortalecer, aos poucos, cada um deles. Com o avanço do AI Decisioning e das novas arquiteturas de dados, estamos mais perto do que nunca de transformar a personalização de promessa em prática.
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MARTECH EM NÚMEROS
A Guerra dos Navegadores volta a esquentar
Mesmo com o domínio massivo do Google Chrome (e a consolidação de poucos players no mercado de navegadores, a chegada de novos browsers com IA integrada — Comet (Perplexity), Arc (The Browser Company) e Brave — promete acirrar a disputa. Some a isso a grande possibilidade do Google ter que se desfazer do Chrome por decisões antimonopolistas e poderemos estar vendo o início de uma nova guerra dos navegadores.
Mas, por enquanto, o reinado do Chrome segue absoluto. Veja a estimativa mais recente da participação de mercado mundial dos principais navegadores:
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